quarta-feira, 25 de novembro de 2009

19 DE NOVEMBRO DE 2009: 40 ANOS DO GOL MIL DE PELÉ

Brasília estava parada, apartir das 21h, à espera de assistir, pelas telas, em preto e branco, do o Canal 6, a TV Brasília, Pelé marcar o seu milésimo gol. Eram 23h11, no Maracanã, quando o camisa 10 do Santos correu para a bola, de marca Drible, e a chutou, para o canto esquerdo das balizas defendidas pelo goleiro argentino Edgar Norberto Andrada.

A partida valia pelo “Robertão”, o Torneio Roberto Gomes Pedrosa, embrião do atual Campeonato Brasileiro, e o Santos empatava, por 1 x 1, com o Vasco da Gama, um time sem brilho, na época e que abrira o placar, aos 17 minutos do primeiro tempo, por intermédio do meia Benetti.

Eram jogados 33 minutos do segundo tempo, quando Pelé partiu para dentro da área vascaína, com a bola dominada. Os zagueiros Renê e Fernando lhe deram combate e, ao ver o atacante caído no gramado, o árbitro pernambucano Manoel Amaro de Lima marcou o pênalti, que Renê jura que não o fez, garantindo não ter tocado um dedo em “Sua Majestade, o Camisa 10” – Renê, no entanto, fizera um gol contra.

Depois de esperar que os fotógrafos escolherem o melhor ângulo para eternizar aquele momento – os demais atletas santistas se colocaram no meio do campo –, Pelé atendeu os gritos de “Pelé, Pelé”, dos torcedores que pediam para ele cobrar o pênalti, e correu para a bola. De nada adiantou o lateral-direito vascaíno Fidélis fazer buracos na marca do pênalti. Com o pé direito, o “Rei” transformou aquela noite na mais importante do ano, para os brasileiros, até "maior" do que a da descida do homem na Lua, três meses antes.

Marcado o gol, Pelé apanhou a bola no fundo das redes e a beijou. Rapidamente, o roupeiro vascaíno Chico o vestiu com uma camisa, do seu clube, com o número mil às costas. O goleiro Agnaldo o colocou nos ombros – Pelé tinha a pelota sempre levantada para o alto –, e com ele deu uma volta olímpica pelo Maracanã, com a partida paralisada, fato inédito na história do futebol. “Naquele dia, eu enfrentei o mundo. Em campo, não dava para escutar nem a respiração dos torcedores. Até a torcida do Vasco torceu contra mim”, declarou Andrade, tempos depois. De sua parte, Pelé confessou, também, muito depois, que tremeu, daquele vez: “O jogo parado, o estádio inteiro calado. Eu, a bola e o Andrada. Naquela hora tive um terrível medo de falhar. Fiquei nervoso. Sabia que todos esperavam o gol. Pouca gente viu, mas fiz o sinal da cruz antes de cobrar o pênalti”.

De volta ao chão, ao se ver diante de um “mar de microfones”, Pelé pediu: “Pensem no Natal. Pensem nas criancinhas”. Antes, dissera ao repórter Geraldo Blota, da Rádio Gazeta, o primeiro a ouví-lo: “Dedico este gol às criancinhas do Brasil”.

POLÊMICAS – Tema rico para discussões, houve quem levantasse que o verdadeiro milésimo gol de Pelé fora marcado no dia 4 de fevereiro de 1970, nos 7 x 0 santistas, sobre o América, do México. Nesse ponto, a colocação foi a de ter sido o “gol-mil” do atleta, como profissional. Um dos maiores historiadores do futebol brasileiro, Thomaz Mazzoni, sustentou que o tento histórico teria acontecido nos 4 x 0, sobre o Santa Cruz, em Recife, dias antes do jogo contra o Vasco. Mazonni computava um gol de Pelé, pela seleção brasileira militar, no Sul-Americano das Forças Armadas, em 1959, quando o placar fora 4 x 1, e, não, 4 x 3, com Pelé marcando um, além de a partida ter sido em 18.11.59, e, não, em 5.11.59.

Em 1995, a Folha de São Paulo recontou os gols do artilheiro santista e afirmou que o milésimo teria sido contra o Botafogo, da Paraíba, num amistoso, em João Pessoa, no dia 14 de novembro, na inauguração do Estádio Governador José Américo de Almeida. Por sinal, também, de pênalti, aos 23 minutos do segundo tempo. A polêmica só terminou com uma reportagem, de Celso Unzelte, para a revistas Placar, comprovando que um gol atribuído a Pelé, em 1965, pela seleção brasileira, contra a então Tehcoeslováquia, na verdade, fora marcado por Coutinho. Assim, o festejado feito voltou a ser “gol mil”.

FICHA TÉCNICA

Vasco 1 x 2 Santos

Vasco

Andrada; Fidélis, Moacir, Fernando e Eberval; Renê, Bougleux e Acelino (Raimundinho) e Adílson; Benetti e Danilo Menezes (Silvinho).

Santos

Agnaldo; Carlos Alberto Torres, Ramos Delgado, Djalma Dias (Joel Camargo) e Rildo; Clodoaldo, Lima, Manoel Maria e Edu; Pelé (Jair Bala e Abel.

Local: Maracanã. Árbitro: Manoel Amaro de Lima (PE).

Gols: Benetti; Renê (contra) e Pelé. Público: 65.157 pagantes e cerca de 100 mil presentes. Renda: NCr$ 253.275,25.

AS HONRARIAS DO REI DO FUTEBOL - A data 19 de novembro é dedicada ao “Rei do Futebol”, como “Dia Pelé”, instituído, pela prefeitura de Santos, em 1995, para coincidir com a da marcação do milésimo gol. Outras honrarias concedidas ao ex-atleta são:

Atleta do Século - Pelo Comitê Olímpico Internacional-1999.

Profissional que Transformou o Futebol - Pela revista Sports Illustrated, dos EUA.

Maior Futebolista do Século - Pela UNICEF-1999.

Atleta do Século - Pela agência de notícias Reuters-1999.

Cavaleiro Honorário do Império Britânico-1997 - Pela Rainha Elizabeth II.

Atleta do Século-1996 - Pelo Grupo DuPont, da França.

Medalha dos Direitos Humanos-1995 - Pela organização judaica B´nai B´rith, devido o trabalho contra o preconceito racial.

Embaixador para a Educação, Ciência e Cultura-1994 - Pela Unesco.

Cruz da Ordem da República Húngara-1994 - Pelo governo da Hungria, é a mais alta condecoração do país.

Membro do Hall da Fama-1993 - Pela cidade de Oneonta, Estado de Nova York, EUA.

Embaixador da Boa Vontade- 1993 - Pela Unesco.

Embaixador da Organização para Ecologia e Meio Ambiente –Pela ONU, em 1992.

Rua Pelé- 1992 - Em Montevidéu, no Uruguai, inaugurada com a presença do presidente da República Luis Alberto Lacalle.

Ordem Nacional do Mérito-1991 - Pelo governo brasileiro.

Praça Pelé-1984 - Em Los Angeles, nos EUA.

Ordem do Mérito Desportivo Sul-Americano-1985 - Pela Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) , em seu aniversário de 75 anos.

Ordem da FIFA-1984 - Pela FIFA, que comemorava 80 anos.

Prêmio aos Valores Humanos-1983 - Pela prefeitura de Nova York.

Estátua na Índia-1983 - Em Durgapur, Estado de Bengala.

Grande Marechal da Hispanidade - Concedido pelas associações hispânicas de Nova York, com direito a desfile em carro aberto pelas ruas (1981).

Atleta do Século - Pelo jornal francês L´Equipe, depois de eleições junto a jornalistas de todo o mundo. O anúncio foi no final de 1980 e o prêmio entregue, em Paris, em 1981.

Comenda da Ordem dos Campeões - Concedido pela Organização da Juventude Católica, em Nova York, em 1978.

Grã-Cruz do Mérito Desportivo - Concedido pelo governo brasileiro, em 1977.

Diploma de Mérito de Cidadão do Mundo - Pela Unicef, em solenidade na sede da ONU, em Nova York, em 1977.

Cidadão de Nova Jersey - Pela prefeitura da cidade norte-americana. O prefeito oficializou o dia 1º de outubro como “Dia Pelé”, para marcar a despedida dos gramados do “Rei do Futebol”, em 1977.

Cidadão Honorífico de Los Angeles - Pela prefeitura da cidade norte-americana, em 1977.

Cidadão de Bauru - Pela Câmara de Vereadores da cidade, em 1975.

Estádio Pelé – Inaugurado, em Teerã, capital iraniana. O Deyhim Esporte Clube, time local, mudou seu nome, para Pelé Esporte Clube, em 1971.

Estátua Rei Pelé – Inaugurada, em Três Corações, cidade natal do “Rei”, com a presença dele e dos embaixadores da Suécia, do Chile e do México, em 1971.

Prêmio da Academia Francesa de Esportes – Concedido, pela primeira vez, a um atleta de esportes coletivos, em 1971.

Medalha Vermelha de Paris - Pela prefeitura de Paris, em 1971.

Bola de Prata - Pela revista Placar, que entregou-lhe o troféu e o considerou hours-concours da promoção anual, em 1970.

Bola de Ouro – Pela revista Placar, como hours-concours da promoção anual, em 1983.

Filho Predileto da Cidade de Guadalajara - Pela prefeitura da cidade mexicana, em 1970.

Estádio Rei Pelé – Inaugurado, em Maceió, Alagoas, em 1970.

Comendador da Ordem do Rio Branco – Pelo governo brasileiro, após a marcação do milésimo gol, em 1969.

Cavaleiro da Ordem do Rio Branco - Pelo governo brasileiro, em 1967.

Espada de Honra do Futebol - Pelo Anuário do Futebol da Inglaterra. A espada foi confeccionada à mão pelos armeiros da rainha Elizabeth. Foi o primeiro não-britânico condecorado, em 1966.

Cavaleiro da Legião de Honra da França - Pelo governo francês, em 1963.

TÍTULOS DE PELÉ PELA SELEÇÃO BRASILEIRA

Campeão mundial-1958,1962 e 1970.

Campeão da Copa Rocca-1957 e 1963.

Campeão da Copa Oswaldo Cruz-1958, 1962 e 1968.

Campeão da Copa Bernardo O´Higgins-1959.

Campeão da Taça do Atlântico-1960.

TÍTULOS PELO SANTOS FUTEBOL CLUBE:

Campeonato Paulista-1958/60/61/62/64/65/67/68/69/73

Torneio Rio-São Paulo-1959/63/64/66.

Taça Brasil/ Robertão-1961/62/63/64/65/68.

Taça Libertadores da América-1962/63.

Mundial Interclubes-1962/63.

Torneio Tereza Herrera-1959.

Torneio Pentagonal do México-1959.

Torneio de Valência-1959.

Torneio Dolutor Mario Echandi-1959.

Torneio Giallorosso-1960.

Torneio Quadrangular de Lima-1960.

Torneio de Paris-1960/1961.

Torneio Itália-1961.

Torneio Internacional da Costa Rica-1961

Torneio Pentagonal de Guadalajara-1961.

Taça das Américas-1963

Torneio Internacional da Venezuela-1965.

Torneio Quadrangular de Buenos Aires-1965.

Torneio Hexagonal do Chile-1965 e 1970.

Torneio Internacional de Nova York-1966.

Torneio Pentagonal de Buenos Aires-1968

Torneio Octogonal do Chile-1968.

Torneio da Amazônia-1968.

Torneio Quadrangular Roma-Florença-1968.

Torneio de Cuiabá-1969.

Taça Cidade de São Paulo-1970.

Torneio de Kingston-1971.

Torneio Laudo Natel-1974.

TÍTULO PELA SELEÇÃO PAULISTA

Brasileiro de Seleções-1959

PELA SELEÇÃO DAS FORÇAS ARMADAS BRASILEIRAS

Sul-Americano Militar-1959

PELO COSMOS (EUA)- Campeão Norte-Americano-1977.

MARCAS IMPORTANTES NA CARREIRA

Mais jovem artilheiro do Campeonato Paulista. Em 1957, pelo Santos, quando fez 17 anos, durante a competição.

Mais jovem campeão mundial, em 1958, aos 17 anos.

Mais jovem bicampeão mundial, em 1962, aos 21 anos.

Maior artilheiro em uma temporada, em 1959, com 127 gols.

Maior artilheiro da Seleção Brasileira, com 95 gols.

Maior artilheiro do futebol profissional, com 1.281 gols.

Maior transação do futebol, até o fim dos anos 70. Em 1975, foi para o Cosmos, por US$ 7 milhões.

Onze vezes artilheiro do Campeonato Paulista: 1957, 17 gols; 1958, 58; 1959, 45; 1960, 33; 1961, 47; 1962, 37; 1963, 22; 1964, 34; 1965, 49; 1969, 26; 1973, 11 gols.

Nove vezes, consecutivas, artilheiro do Campeonato Paulista, de 1957 a 1965.

Maior número de gols, 58, em um único campeonato, o Paulistão de 1958. Abaixo só aparece ele próprio, com 49 gols em 1965.

Artilheiro da Copa América, com 8 gols, em 1959.

Artilheiro do Campeonato Brasileiro das Forças Armadas, com 11 gols, em 1959, pela Seleção da 6ª Guarda Costeira.

Artilheiro das Taças Brasil, de 1961 e de 63, respectivamente, com 9 e 12 gols.

Artilheiro do Torneio Rio-São Paulo, em: 1961, 7 gols; 1963, 15; 1964, 3; 1965, 7.

Artilheiro do Mundial interclubes de 1962, com 3 gols.

Artilheiro da Taça Libertadores da América de 1963, com 11 gols.

Por um só clube, o Santos, 1.091 gols. Pelé ficou 6.662 dias como atleta do clube.

Contra um mesmo clube, o Corinthians, 49 gols marcados, entre 1957 e 1974.

Entre 1975 e 1977, 65 gols, em 111 jogos pelo Cosmos, de Nova York.

Total de 32 títulos de campeão, uma média de 1,5 por ano.

Mais 23 títulos de campeão de torneios não-oficiais, o que sobe a média para 2,6 por ano.

37 pontos conquistados em Copas do Mundo.

14 jogos com 12 vitórias, 1 empate e 1 derrota; 12 gols; 0,8 média de gols em Copas do Mundo.

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