sexta-feira, 23 de abril de 2010

UM GOL PARA O TIO ALPI VIBRAR

O Tio Alpi estava ansioso. Sua irmã, Janira, já sabia que o neto Kaká treinava no time principal do São Paulo. Seu filho Bosco lhe avisara. Na noite de 31 de janeiro de 2001, quando os são-paulinos empataram, por 1 x 1, com o Botafogo – pelo Torneio Rio-São Paulo – e o árbitro Ubiraci Damásio de Oliveira autorizou a entrada do garoto no gramado do Maracanã – no lugar de Sidney –, Alpiniano Pereira de Sousa colou os ouvidos colados no rádio. E repetiu a expectativa pelos jogos seguintes – válidos pelo Rio-SP e pelo Paulistão.
Kaká entrou sempre no decorrer das partidas – duas vezes substituindo Harison, mais duas na vaga de Carlos Miguel, uma na de Sousa e uma outra na de Rogério Pinheiro – contra Flamengo (07.02), Inter de Limeira (10.02), Fluminense, (14.02), São Caetano (18.02), Botafogo (28.02) e Ponte Preta (03.03). Mas o Tio Alpi só foi explodir a sua alegria maior no 27 de março, quando Kaká entrou, no segundo tempo, no lugar de Fabiano, e marcou os dois gols da virada do São Paulo (2 x 1) sobre o Botafogo, dando ao tricolor paulista o único título que lhe faltava, o de campeão do Rio-São Paulo. Kaká agradeceu a Deus, guardou a camisa campeã, fez uma dedicatória no peito e a enviou para o Tio Alpi.
A partir dali, Alpiniano tornou-se o maior torcedor daquele garoto que nascera no Hospital Regional do Gama (26.04.82) e jogava bola em frente à casa 9 da QNB-9, em Taguatinga. E Kaká não esquecia dele em nenhum momento de glória. Quando firmou-se como titular no Milan, logo autografou o calendário do clube e o enviou. Já como craque mundialmente consagrado, teria de marcar um gol, com a camisa da Seleção Brasileira para o Tio Alpi assistir. Era o maior sonho da vida do parente. E a oportunidade chegou. No dia 27 de março de 2005, Bosco (pai), Janira (avó), Simone (mãe) e outros familiares levaram o Tio Alpi ao hotel onde a Seleção se hospedava, em Goiânia.Alpiniano tirou fotografias abraçado com o sobrinho e, na noite seguinte, foi esperar por ver-lo mandando uma bola nas redes do Serra Dourada – o Brasil enfrentaria o Peru, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2006.
Aos 32 minutos, Kaká marcou gol da vitória (1 x 0) brasileira. O Tio Alpi, que andava muito mal de saúde, quase não resiste à emoção. Pouco depois, “foi agradecer pessoalmente, a Deus”, como definiu o sobrinho Elpídio Pereira de Sousa Neto, o Pido, que guarda, com muito cuidado, a camisa e o calendário enviados por Kaká ao seu maior torcedor.
Naquela noite, a Seleção Brasileira foi escalada, pelo técnico Crlos Alberto Parreira, com: Dida; Cafu, Lúcio, Juan e Roberto Carlos; Emerson, Zé Roberto, Juninho Pernambucano (Robinho), Ronaldinho Gaúcho e Kaká; Ronaldo.

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