sábado, 26 de junho de 2010

PELÉ NO MUSEU

O campeonato de alfinetadas entre Pelé e Maradona parece não chegar ao fim. A última rodada teve o “Rei do Futebol” declarando que “El Diez” só estava no cargo de treinador da seleção argentina porque andava com os bolsos vazios. Rápido, Don Diego foi ao ataque e disse que “aquele rapaz moreno da camisa 10 deveria voltar para o museu”. Fez questão de não falar o nome do "Craque do Século XX".
Seguramente, Maradona, que tem 49 anos, deveria estar chamando Pelé de “velho gagá”, tendo em vista que, no próximo dia 23 de outubro, portanto, dentro de quatro meses, estará fazendo 70 anos que Seu Dondinho e Dona Celeste receberam a visita da cegonha, na mineira Três Corações, trazendo um garoto que, antes de ter o apelido famoso, era chamado, em casa, por Dico. Mas, pode ser, também, que Diego Armando estivesse fazendo alusão à estátua que homenageia o mito brasileiro no museu de cera da Madame Tussaud´s, uma das maiores atrações artísticas de Londres.
O Pelé de cera, que se parece muitíssimo com ele foi produzido na época da Copa do Mundo da Inglaterra, em 1966, com a clara intenção de promovê-la. Usava chuteiras e o então chamado agasalho de frio, verde e amarelo, da antiga Confederação Brasileira de Desportos, a antecessora da Confederação Brasileira de Futebol, e fora trabalhado no seu exato tamanho natural, de 1,71m de altura. O museu, como se sabe, reúne as maiores figuras da história do planeta. Para explorar a popularidade de Pelé, que seria a maior atração daquele Mundial de Futebol, e valorizar mais a peça, além de torná-la simpática aos visitantes ingleses, a administração da casa a colocou do lado de um ídolo dos gramados nacionais, o lendário ponta-direita Stanley Matthwes.
Em seus primeiros dias de vida, o Pelé de cera despertou grande curiosidade. A única bola fora nesse lance fora chutada pelo zelador. Quando dava os últimos retoques na estátua, para exposição pública, permitiu que a imprensa a fotografasse sem a bola que deveria estar em suas mãos (foto). Perdoável! Nem tudo sai perfeito em uma Copa do Mudo, como, por exemplo, o que deveria ser a maior atração, o Brasil, caiu fora ainda na fase inicial.
Pelé marcou o primeiro gol do Mundial-66, cobrando falta, contra a Bulgária, nos 2 x 0 de 12 de julho. Naquela partida, apanhou tanto, que não deu para jogar em Hungria 3 x 1 Brasil, três dias depois. Pra piorar, em Portugal 3 x 1 Brasil, em 19 de julho, atuava sem as condições mínimas. Pra completar o serviço, o português Moraes lhe aplicou tamanhas bordoadas, que o deixou capengando, fazendo número em campo, pois ainda não eram permitidas as substituições.
 Pelé não estava bem para disputar aquele Mundial. Garrincha, também, embora o presidente da CBD, João Havelange, o exigisse, mesmo com o aviso do médico Histon Gosling, de que o "Demônio das Pernas Tortas" não tinha mais condições de disputar uma Copa do Mundo. Para a plateia, a comissão técnica dizia que o "Rei" estava apto. No entanto, ele andava receoso em sofrer uma nova distensão, como a que o afastara da Copa-62. Enquanto o supervisor Ernesto Santos tentava passar que o problema do camisa 10 era psíquico, não físico, a verdade era que o atleta santista não se julgava completamente curado da distensão de quatro anos passados, pois vinha sentindo fisgadinhas no músculo adutor da coxa esquerda. Assim, fez mais sucesso no museu. Se a debochada de Maradona tivesse ocorrido em 1966, quando ele estava com cinco anos e dois meses, faria sentido.

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