sábado, 25 de dezembro de 2010

PELÉ, UM ESCORPIANO VENENOSO, EM CAMPO

 REI DO FUTEBOL TEM VERSÃO DIFERENTE DO QUE SE CONTA  PARA SEU APELIDO

 Em casa, o futuro “Rei do Futebol” era Dico. Teria virado Pelé porque, aos três anos de idade, brincava de goleiro, intitulando-se de Bilé, o camisa um do time de Dondinho. A pronúncia, no entanto, era Pilé, que virou Pelé, e nem ele mesmo sabe da origem. À revista Placar Nº 1149, de março de 1999, ele disse que pode ter falado Bilé, aos cinco anos, em Bauru, e a turma entendido Pelé. Nos Estados Unidos, contou uma outra história: que um turco gritava “Quelé!”, quandosua turma chegava pra jogar bola perto de sua loja, em Bauru, e que o “quelé” sobrara pra ele, virando Pelé (foto).
Conta-se, também, que o Edson do seu verdadeiro nome teria sido uma homenagem do Dondinho ao inventor da lâmpada elétrica. Mas houve, no entanto, velhos amigos de João Ramos do Nascimento, o "pai da fera", dizendo que, na verdade, o homenageado fora um ponta-direita do Vasco de São Lourenço-MG.
Aos 11 anos, Pelé entrou para o infanto-juvenil de um time chamado Canto do Rio, que exigia idade mínima de 13. Depois, montou a sua própria patota, o Sete de Setembro. Em Bauru, onde vivia desde 1945, defendeu o Radium, que virou o Baquinho, o juvenil do Bauru Atlético Clube. Foi pra lá a convite do técnico Antoninho, que lhe comandou no primeiro treino. Chegou a disputar dois amistosos pelo Noroeste, mas terminou no Santos, levado por Valdemar de Brito, que sucedera Antoninho no comando do Baquinho.
Tem-se sete de setembro de 1956 como data de estréia de Pelé no time principal do Santos. Inclusive, que ele teria marcado o seu primeiro gol, no amistoso contra o Corinthians, de Santo André, fato que o goleiro Zaluar explorou muito, até o final de sua vida, em 1995, chegando a mandar confeccionar cartões e camisa alusiva ao feito. Perda de tempo. Na realidade, o primeiro jogo de Pelé, pelo Peixe, fora em 26 de agosto do mesmo 1956, mas integrando uma formação sem nenhum dos titulares.
Pelé, assim que o antigo atacante são-paulino Valdemar de Brito (foto) o levou para a Vila Belmiro, ganhou o apelido de “Gasolina”, por ser mandado, pelos velhos malandros da equipe, para comprar cigarro em um posto de gasolina das imediações, fez a sua primeira partida santista contra o Clube Recreativo Vasco da Gama, o Vasquinho, goleado, por 6 x 2, na Vila Belmiro – Estádio Urbano Caldeira –, marcando dois gols, por uma formação que não tivera mais ninguém que se consagraria: Alemão; Enock, Marcelinho, Realista e Ari Silva; Darci e Bodinho; Raimundinho, Pelé, Waldir e Ivan. O Vasquinho alinhou: Serginho; Toninho, Ronaldo Pereco e Aníbal; Ayala e Joel; Naldo, Zezé, Odair e Ivo.
Quanto ao gol que entrou para a história como o “número um”, aconteceu aos 36 minutos do segundo tempo, quando o Santos já vencia, por 5 x 1, com tentos de Álvaro, Del Vecchio (2) e Alfredinho (2). Mais preocupado com o jogo contra o XV de Novembro de Jaú – Santos 3 x 1, em 09.09.1956 pelo Campeonato Paulista –, o técnico Luis Alonso, o Lula, aproveitou para fazer seis substituições na etapa final. Foi quando chamou o Gasolina e o indagou se ele tinha medo de substituir Del Vecchio, que voltava de contusão, jogando, meramente, por força de contrato – Cr$ 80 mil cruzeiros de cota – Confiante, Pelé respondeu que estava pronto para encarar.
Ninguém nas arquibancadas de madeira do Estádio Américo Guazelli, já demolido, sabia quem era aquele garoto magricela, de 15 anos, se aquecendo à beira do gramado. Pra começar, o jornal Tribuna de Santos, pela coluna Mosaico Esportivo, só divulgara que, em 31 de agosto, o Peixe acertara o amistoso, obrigado, a levar todos os seus cobras, principalmente Vasconcelos, o meia-esquerda goleador, maior ídolo de sua torcida. Contundidos, Formiga, Pagão e Pepe não puderam atuar. Então, sobrou uma vaga na delegação para o Gasolina participar dos festejos dos 134 anos da cidade do ABC Paulista.
Por aquela época, Pelé chegava, de bicicleta para os treinos na Vila Belmiro. E, rapidamente, virou a atração e responsável pelo bom público que o time santista levava aos seus jogos do campeonato da Liga de Futebol Amador de Santos. Em Santo André, lhe esperava um “gramado duro, cheio de saliências e imperfeições’’, conforme descrevera o repórter Ary Fortes, de "A Tribuna de Santos". Como Pelé (foto de 1962) ainda não era um “rei” e o adversário de pouquíssima importância, o Santos chamou quatro taxis e embarcou a rapaziada para o jogo. O Gasolina foi e voltou no carro do taxista corintiano Ladeira, que já estava acostumado a ser chamado pelo Santos e, durante os 11 anos em que o Peixe não perdeu para o Timão, vivia ameaçando o “camisa dez” de jogá-lo numa ribanceira, para acabar com o tabu.
Pois bem! Naquele sete de setembro, Raimundinho e Tite já experimentavam lançamentos para Pelé se virar entre os becões. Num deles, “em meio de vários defensores contrários, atirou Pelé com sucesso, passando a pelota sob o corpo do guardião Zaluar’’, escreveu Ary Fortes. E, marcado seu “primeiro gol”, Pelé mandou Zaluar levantar-se e correu para abraçar Lula e os colegas de time. Naquele instante, só lhe passava pela cabeça avisar ao Dondinho, seu pai e grande ídolo, o qual garantia ter jogado muito mais do que ele. Mas só conseguiu informá-lo no dia seguinte. ‘‘Foi um chute normal, mas é uma lembrança diferente, por ter sido o primeiro de minha carreira e vestindo a camisa de um grande time’’, contou Pelé, mais tarde, nem se lembrando dos gols pelo campeonato amador santista e do amistoso contra o Vasquinho.
Se o “primeiro gol de Pelé” (foto/D) não foi o primeiro, o último jogo, também, não foi o último. Competitivamente, a despedida dos gramados deu-se em 29 de agosto de 1977, na final do Campeonato Norte-Americano, quando o Cosmos venceu o Seattle, por 2 x 1. Coberto de sabão, no vestiário, para se livrar do banho de champanhe lhe dado pelos companheiros, ele saiu do chuveiro gritando que se despedia como campeão. Ao adversário Jim Mcalister, presenteara com a sua camisa, por aquele ter sido eleito o melhor novato da temporada.
Contratado, pelo Cosmos, em 1975, para promover o futebol, que os norte-americanos chamavam de soccer, Pelé garantia não ter ficado triste por não balançar a rede em seu último jogo oficial, o que atestava o capitão da equipe, Werner Roth, que o via, inclusive, como um dos mais felizes do momento. “Dei meus chutes, mas não consegui fazer gols. Não interessa quem marcou (Steve Hunt e Giorgio Chinaglia). Nós somos uma equipe”, ressaltou Pelé, acrescentando: “Vim, para os Estados Unidos fazer seu futebol crescer. Agora, ele já está bem grande. É é uma realidade, não um sonho. Esta é a minha grande recordação dos três campeonatos que disputei por aqui”.
Em 1975, nos 2 x 0 santistas sobre a Ponte Preta, na Vila Belmiro, pelo Campeonato Paulista, Pelé fez a sua primeira despedida. Aos 36 anos, após o último jogo oficial, ainda participou de uma partida festiva de despedida, em 1º de outubro de 1977: Cosmo 2 x 1 Santos, no Gyant Stadium, em Nova York, marcando um gol para o time da casa e atuando um tempo por cada equipe. Depois, disputou estes jogos: 22.04.1978 – Nigéria 1 x 3 Fluminense; 26.04.1978 – Fluminense 2 x 1 Racca Rovers (Nig); 06.04.1979 – Flamengo 5 x 1 Atlético-MG; 24.09.1980 – Cosmos 3 x 2 Nasl All-Stars, marcando um gol; 21.07.1983 – Seleção do Sudeste 1 x 2 Seleção do Sul, com um gol; 09.05.1984 – Ex-Atletas do Cosmos 2 x 6 Cosmos; 04.01.1987 – Seleção Brasileira e Masters 3 x 0 Seleção Italiana de Masters e 31.10.1990 – Amigos do Pelé 2 x 1 Brasil.
Obs: no jogo contra o Fluminense, defendendo a seleção da Nigéria, Pelé foi substituído por Nalando, aos 35 minutos do primeiro tempo. O jogo pelo Flu foi em Kaduba e o Racca Rovers se tornaria campeão nacional no mesmo 1978. A seleção da Nigéria não foi a única defendda por Pelé. Em 23 e 31 de maio de 1976, respectivamente, perdendo, por 4 x 0 e 3 x 1, para Itália e Inglagerra, ele defendeu, a seleção dos Estados Unidos, que disputou o Ttorneio Bicentenário da Indpendência dos EUA, com o nome de American All-Stars, por reunir jogadores de várias nacionalidades, numa época e que o futebol tentava se afirmar no país.
FICHA TÉCNICA - Data: 07.09.1956 - Corinthians de Santo André 1 x 7 Santos. Estádio: Américo Guazelli. Árbitro: Abílio Ramos. Renda: Cr$ 39.910,00. Público: desconhecido. Gols: Alfredinho, aos 30, Del Vecchio, aos 32, Álvaro, aos 36 e Alfredinho, aos 41 min do 1º tempo; Del Vecchio, aos 16, Pelé, aos 36; Vilmar, aos 41, e Jair Rosa Pinto, aos 44 min do 2º tempo. Corinthians: Antoninho (Zaluar); Bugre e Chicão (Talmar); Mendes, Zico e Chanc; Vilmar, Cica, Teleco (Baiano), Rubens e Dore. Técnico: Jaú. Santos: Manga; Hélvio e Ivan (Cássio); Ramiro (Fioti), Urubatão e Zito (Feijó); Alfredinho (Dorval), Álvaro (Raimundinho) e Del Vecchio (Pelé); Jair e Tite Técnico: Lula.






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