quarta-feira, 31 de março de 2010

29 DE MARÇO: BAHIA, PRIMEIRO CAMPEÃO DA TAÇA BRASIL

O jogo decisivo já foi em 1960, mas a disputa ainda valia pela temporada de 1959. Bahia e Santos iniciaram a decisão do torneio que indicava o representante brasileiro à Taça Libertadores, em 10 de dezembro daquele 59, na Vila Belmiro, quando o Tricolor de Aço venceu, por 3 x 2, surpreendentemente.
Pelé abriu o placar, aos 15 minutos. Aos 27, Biriba empatou, e o primeiro tempo terminou no 1 x 1. O mais incrível, porém, viria, aos 18 minutos. Léo virou a história, para os baianos. Um pênalti, cobrado por Pepe, aos 27, voltou a deixar tudo igual. Mas quando a torcida já estava indo embora, no último minto da partida que rendeu Cr$ 868 mil 930 cruzeiros, Alencar fez 3 x 2, para o Bahia. Por aquela, ninguém nem sonhava.
A vingança do Peixe aconteceu, em 30 de dezembro, na Fonte Nova, com renda recorde, na época, de Cr$ 2 milhões, 487 mil, 230 cruzeiros. Salvador esperava ver o Bahia campeão, mas os gols de Coutinho e Pelé adiaram a festa para o ano seguinte. Mais precisamente, para a noite de 29 de março de 1960, no Maracanã, que arrecadou a menor renda dos três jogos decisivos: Cr$ 642 mil, 703 cruzeiros.
No jogo em que alguém sairia campeão, o Santos não pôde escalar o operado (quatro dias antes, das amídalas) Pelé. Melhor para o Bahia, que sapecou 3 x 1 nos favoritos, com tentos de Vicente, Léo e Alencar, descontando Coutinho parra os vice-campeões. O carioca Frederico Lopes, grande nome da época – auxiliado por Aírton Vieira de Morais e Wilson Lopes de Sousa – , apitou o jogo, expulsou de campo três santistas – Getúlio, Formiga e Dorval –  e foi chamado de “ladrão”, pelo presidente da Federação Paulista de Futebol, Mendonça Falcão.
Quem não levava em consideração que o Bahia havia vencido o Santos, dentro da Vil Belmiro, no primeiro jogo, dizia que seu time fora favorecido, naquela final, além da ausência de Pelé, por uma excursão do adversário, à cata de dólares, no exterior. O grupo santista havia regressado numa sexta-feira, jogado (e empatado, por 0 x 0) , no domingo, com o Palmeiras, pelo Torneio Rio-São Paulo, e viajado, depois do clássico, de trem, para o Rio de Janeiro. Choro discutível!
Treinado pelo argentino Carlos Volante – atleta do Flamengo, na década-40 –, o Bahia iniciou a Taça Brasil, em 23 de agosto de 1959, vencendo o Centro Sportivo Alagoano (CSA), por 5 x 0, fora de casa. Em Salvador, mandou 2 x 0. O próximo desafiante foi o Ceará Sporting, duro de cair: em Fortaleza, 0 x 0, seguido de 2 x 2, na Fonte Nova, e de Bahia 2 x 1, no desempate, também na Fonte. Seguiu-se um confronto dificílimo, contra o Sport Recife. Após derrubá-lo, em casa, por 3 x 2, o Leão da Ilha vingou-se, ferozmente: 6 x 0, em Recife. Foi preciso outro confronto, e o Bahia fez 2 x 0, no campo do rubro-negro pernambucano.
Vencida a fase nordestina, o Bahia iria pegar, pela frente, o supercampeão carioca de 1958, o Vasco da Gama, que tinha, na zaga, dois xerifões da Copa da Suécia, Hideraldo Luís Bellini e Orlando Peçanha de Carvalho. Sem medo, o time da Boa Terra foi ao Maracanã e venceu, por 1 x 0. Os cruzmaltinos devolveram a ousadia, com 2 x 1, em Salvador, onde o time de Carlos Volante foi para uma terceira “negra”, como se chamava, então, uma decisão assim, e repetiu o 1 x 0 do “Maraca”. Estava na final, para encarar o Santos, o melhor time do mundo.
Na decisão da Taça Brasil, o Bahia já era treinado por Geninho. No último jogo, formou com Nadinho; Beto, Henrique, Vicente e Nenzinho; Flávio e Mário; Marito, Alencar, Léo e Biriba. O Santos, do técnico Lula, usou: Lalá; Getúlio, Mauro, Formiga e Zé Carlos; Zito e Mário; Dorval, Pagão (Tite), Coutinho, Pelé e Pepe. Não foi uma decisão tranqüila. A partir dos 24 minutos do segundo tempo, quando Getúlio e Formiga foram expulsos de campo, num intervalo de um minuto, o Santos quis briga. Aos 32, Coutinho agrediu Nenzinho, e levou uma bofetada, de Vicente. Polícia em campo. Pouco depois, Dorval agrediu Henricão e também teve de ir embora.
O Peixe abriu o placar, aos 23 minutos do primeiro tempo, por intermédio de Coutinho, tabelando com Pagão. Aos 27, o Bahia empatou, com Vicente, cobrando falta, da intermediária. E ficou assim a etapa inicial. No segundo tempo, com um minuto, Biriba cobrou escanteio, Alencar tocou na bola e Léo virou o placar, desesperando o Santos, que já havia entrado em contato, com o argentino San Lorenzo, a fim de marcar o duelo entre eles, pela Taça Libertadores. Finalmente, aos 37 minutos, Alencar fechou a conta. O Bahia era o primeiro campeão de uma disputa nacional promovida pela Confederação Brasileira de Desportos.

sexta-feira, 26 de março de 2010

26 DE MARÇO: A BATALHA DE NUÑEZ

Foi uma verdadeira assombração, numa madrugada de sexta-feira da paixão. Brasil e Uruguai se enfrentavam, no estádio Monumental de Nuñez, em Buenos Aires, pelo Campeonato Sul-Americano. Depois da vitória uruguaia, por 2 x 1, na final da Copa do Mundo de 1950, no Maracanã, as duas seleções só haviam se cruzado no Pan-Americano de 52, no Chile, quando os brasileiros mandaram 4 x 2.
O segundo jogo pós-Maracanazo – com os uruguaios chamaram a final do Mundial de 50 – havia começado na noite da quinta-feira santa. Perto do final do primeiro tempo, o atacante brasileiro Almir ”Pernambuquinho” Albuquerque estranhou-se com o zagueiro uruguaio Davoine, e o pau quebrou entre celestes e canarinhos. Ao final das escaramuças, o goleiro Castilho, (Fluminense) estava com os supercílios cortados; o quarto-zagueiro vascaíno Orlando Peçanha de Carvalho com os lábios abertos; o zagueiro central Bellini (Vasco), o goleiro Gilmar (Corinthians), o meia-armador Didi (Botafogo) e os atacantes Almir (Vasco) e Pelé (Santos) com escoriações generalizadas. Pelo lado uruguaio, o capitão e zagueiro William Martinez perdera um dente e levara três pontos na cabeça; o atacante Sasía apresentava seu olho esquerdo sangrando e Roque Fernandez com os ombros feridos.
A pancadaria durou 50 minutos, ao final da qual o árbitro chileno Carlos Robles expulsou de campo só os brigões Almir, Orlando, Davoine e Gonçalves. Ouvido pelo número 512, da revista Placar, de 22 de fevereiro de 1980, o capitão uruguaio, William Martinez, de 1,82 m de altura e pesando, na época, 82 kg, contou que só brigou “porque Bellini agredira (o reserva) Alvarez. O capitão uruguaio ainda acusou o massagista Mário Américo de derrubá-lo e Pelé de chutá-lo na cabeça. Na mesma reportagem de Placar, Mário Américo dá a sua versão, dizendo que Martinez tentou lhe acertar um soco, não conseguido porque ele fora boxeador, se esquivara e conseguira lhe aplicar uma gravata (golpe pelo pescoço), derrubando-o e caindo junto com ele, que foi chutado por Coronel, Bellini e Pelé.
De sua parte, Bellini, afirmou à revista que ouvira o massagista uruguaio gritando para William Martinez arrumar uma briga e que o grandalhão ameaçou quebrar-lhe a cara, no momento em que era derrubado por Mário Américo. Também acusou Sasía de jogar-lhe areia nos olhos e lhe dar um pontapé, por trás, depois do final da partida. Nesse ponto, contou o zagueiro, acertou um murro na boca do uruguaio, que ainda levou uma tesoura-voadora (pulo em horizontal no ar e pancada com os dois pés no adversário) desferida por Didi e mais uma pancada do preparador físico Paulo Amaral.
Bellini ainda acusou Davoine de distribuir pontapés e fez um relato satírico sobre o conflito. Segundo ele, ao ver Garrincha pardo, com os braços cruzados, o indagou se ele, também, não iria entrar na briga, e ouviu a resposta: “Ah! Ninguém veio me bater”.
Em seu livro, “Eu e o Futebol”, Almir fala dessa briga e diz que após disputar um lance, pelo alto, com o goleiro uruguaio Leiva, ele levou um pontapé, na bunda, desferido por William Martinez, e mais um chute de Davoine. O seu relato acrescenta que Pelé tentou defendê-lo e foi empurrado. Então, Orlando agrediu Davoine. Em seguida, ele partiu pra cima de Martinez, aos pontapés, enquanto Didi batia na cara do inimigo e Chinesinho corria de um uruguaio, pela lateral do campo.
Quanto ao jogo, o Brasil venceu, por 3 x 1, de virada, com três gols do botafoguense Paulo Valentim, aos 17, 35 e 44 minutos do segundo tempo – Escalada havia aberto o placar, para os uruguaios, aos 42, da primeira etapa. Naquela noite, a Seleção Brasileira entrara em campo com um ponto perdido, no empate com os peruanos, enquanto os uruguaios haviam perdido dois, numa derrota para o mesmo adversário. A Argentina, que vencera todas, liderava. Assim, entre Brasil e Uruguai, quem perdesse, dificilmente, teria chances de título.
Na seqüência do torneio, o Brasil ainda mandou 4 x 1 pra cima dos paraguaios e foi prejudicdo na decisão, contra os argentinos, no jogo que ficou no 1 x 1 e deixou os anfitriões com um ponto a mais, porque o chileno Carlos Robles encerrou a partida quando Garrincha passou pelo goleiro, chutou e a bola ia entrando. Mas este é um choro que fica para o folclore do futebol.
O time brasileiro da “Batalha de Nuñez” foi: Castilho (Gilmar); Djalma Santos, Bellini, Orlando e Coronel (Paulinho Valentim); Formiga e Didi; Garrincha, Almir, Pelé e Chinesinho. O uruguaio foi: Leiva; Davoine, William Martinez, Silveira e Gonçalves; Messias e Borges (Roque Fernandez); Demarco, Douksas, Sasía e Escalada (Aguilera).

quinta-feira, 25 de março de 2010

25 DE MARÇO: O GALO CANTA FORTE EM BH

Capital mineira, desde 1897 – a anterior era Ouro Preto -, Belo Horizonte não tinha mais do que 14.500 habitantes, nos inícios do século 20. Já contava com cursos de Direito, de Engenharia e de Medicina, e vivia sob uma crise econômica que prejudicava comércio e indústria. Diversões, praticamente, inexistiam. Foi por causa daquilo que um carioca, estudante de curso jurídico, Víctor Serpa, reuniu amigos e fundou, em 10 de junho de 1904, o Sport Clube Foot-Ball, primeira iniciativa do gênero em Minas Gerais.
Formado o time, o primeiro jogo de futebol em BH foi em 3 de outubro, do mesmo ano, com a turma do Víctor vencendo uma equipe formada por Oscar Americano, por 2 x 1. Pouco depois, surgiram o Plínio Futebol Clube e o Clube Athlético Mineiro, que, ainda, não seria o atual “Galo forte e vingador”.
Enquanto a bola rolava em “Beagá”, foram surgindo o Brasil, o Estrada, o Juvenil e o Viserpa (todos Futebol Clube), enquanto o Athlético passou a chamar-se Athlético Mineiro Foot-Ball Club. Mas, como aquele movimento perdia força durante as férias escolares - Brasil e Viserpa acabaram – restavam só desanimadas peladas. Passear no Parque Municipal era mais interessante. Menos para Margival Mendes Leal, Mário Toledo, Raul Fracarolli e Augusto Soares. Em 25 de março de 1908, eles “mataram aula” e foram “pensar” o Atlético Mineiro Futebol Clube, aportuguesando o nome do antigo e já inexistente xará.
Além dos fundadores citados acima, também, foram “pais do Galo” a patota formada por Sinval Moreira, Mário Neves, Hugo Fracarolli, Mário Hermanson Lott, Carlos Maciel, João Barbosa Sobrinho, José Soares, Alves, Eurico Catão, Aleixanor Alves Pereira, Humberto Moreira, Antônio Antunes Filho, Horácio Machado, Humberto Moreira, Benjamin Moss Filho, Leônidas Fulgêncio e Júlio Menezes Melo – Mauro Brochado, Francisco Monteiro e Jorge Dias Pena não puderam estar presentes à reunião, mas aderiram à idéia. Por isso, também, são considerados fundadores. Escolhido presidente, Margival teve Lott por secretário e Catão por tesoureiro.
Fundado o clube, havia, no entanto, um problema: onde encontrar bolas para comprar, se o comércio belo-horizontino não as vendia? Mas apareceu uma, muito usada, que serviu para os primeiros pontapés do Galo, quando o treinador Chico Neto alinhava Eurico, Mauro e Leônidas; Raul, Mário Toledo e Hugo; Francisco, Lott, Margival, Horácio e Benjamin, nos treinos iniciais. Em 21 de março de 1909, o time estreou, vencendo o Sport Club, por 3 x 0, com gols de Aníbal Machado, Zeca Alves e Mário Neves, que haviam barrado, respectivamente, Mário Lott, Horácio e Francisco Monteiro.
Animados, os atleticanos concederam s revanches ao Sport Club, e não só o venceram, por 2 x 0 e 4 x 0, como, ainda, decretaram o seu fim, já que os derrotados decidiram mudar de lado. Assim, o Athlético foi-se tornando vencedor, só vindo a conhecer um insucesso mais de três anos depois – em 12 de maio de 1912 –quando foi batido, por 5 x 1, pelo Instituto Granbery, de Juiz de Fora, na sua primeira apresentação intermunicipal.
Em 25 de março de 1913, a rapaziada trocou o nome da agremiação, para Clube Atlético Mineiro, estreando a nova denominação com a conquista do título do primeiro torneio interclubes promovido pela Liga de Futebol de Belo Horizonte, vencendo ao Yale (futuro Palestra Itália, Ypiranga e, finalmente, Cruzeiro), por 2 x 0, ao América, por 3 x 0, e ao combinado Yale/América, por 2 x 0.
Em 1915, disputou-se o primeiro campeonato oficial de BH. E o campeão, quem foi? O time alvinegro. Foram vitórias que tornaram o Atlético Mineiro simpático e popular entre pobres, ricos, gringos, pretos e brancos, ao contrário dos elitistas América, que preferia estudantes de Medicina e ricaços, e o Yale, dos italianos que não se misturavam ao povão.
CASA DO GALO - O início da construção de um estádio, na Avenida Olegário Maciel, em 1926, coincidiu com mais um título – bi, em 1927. Antes, o clube ganhara, da prefeitura de BH, um terreno, na Rua Guajajaras, trocado, depois, por outro, na Avenida Paraopeba, atual Augusto de Lima. Requisitado, mais tarde, pelo Estado, este mandou o Galo para a Olegário Maciel.
Por aquela época, surgiu a primeira convocação de um atleticano, para a Seleção Brasileira, a do atacante Mário de Castro, que amava mais o seu clube e recusou a honraria. Preferia marcar gols pelo Atlético. Por exemplo, em 30 de junho de 1929, quando os alvinegros inauguraram o Estádio Presidente Antônio Carlos, Mário fez três dos quatro tentos – o outro foi de Said – nos 4 x 2 sobre o lendário time do Corinthians Paulista, que muitos mineiros até duvidavam que existisse.
Mário de Castro, num tempo em que se jogava pouco, marcou 195 gols – média de 2,2 por jogo – , em 90 partidas, só sendo superado, em 1974, por Dario (José dos Santos), o Dadá Beija Flor.
CAMPEÃO DOS CAMPEÕES – Em 1930, com Belo Horizonte ocupada pelos rebeldes que colocaram Getúlio Vargas no poder, o Atlético Mineiro não disputou o campeonato da cidade. Voltou, no ano seguinte, e foi bi, sendo que, em 32, havia duas ligas. Novamente, levou o bi, em 38/39. Antes disso, em 1937, conauistou o primeiro interestadual de clubes do país, promovido pela Federação Brasileira de Futebol, o que lhe valeu a alcunha de “Campeão dos Campeões”, após os 3 x 2, na decisão, em São Paulo, contra a Portuguesa de Desportos – participaram, ainda, o Fluminense e o Rio Branco, de Vitória-ES.
Em 1942, os atleticanos conquistariam outra glória: bi de BH, com vitórias nos 11 jogos disputados. E dobraram a sua torcida, em relação à do América. Em 1947, no “Cinquentenário de Belo Horizonte”, novo bi, com um time inesquecível: Kafunga, Murilo e Ramos; Mexicano, Zé do Monte e Afonso; Lucas, Lauro, Carlyle, Alvinho e Nívio – para trás, os primeiros grandes ídolos foram Brant, Said, Mário de Castro, Jairo, Mário Gomes, Binga, Zezé Procópio, Guará, Alfredo Bernardino, Florindo, Nicola, Manja, Cafifa e Selado, entre outros.
CAMPEÃO DO GELO – Campeão belo-horizontino, em 1949/50, neste último ano, o Galo Carijó – personagem criado, em 1945, pelo ilustrador da “Folha de Minas”, Fernando Pierucetti, o Mangabeira, a pedido do jornalista Álvares Maciel, que desejava ter os clubes mineiros com símbolos – tornou-se o primeiro clube mineiro a excursionar à Europa. Venceu seis adversários fortes, como o alemão Schalke (3 x 1) e o francês Stade Uninon (2 x 1), empatou duas vezes e perdeu outras duas, entre 1º de novembro e 7 de dezembro, jogando até debaixo de seis graus negativos. A façanha foi comparada, pelo jornal “Estado de Minas” com a equivalência de um título, razão pela qual o clube passou a colecionar uma outra alcunha, a de “ Campeão do Gelo”.
No entanto, um outro grande feito estava a caminho. De 1952 a 56, os “galenses” faturaram um penta – em 56, decidindo no campo e no tapetão, contra o Cruzeiro, que já era o segundo clube mineiro mais forte, deixando o América pra trás. O Galo voltou a beliscar, em 58, 62 e 63, iniciando, a partir de então, um jejum de títulos que só terminaria em 1970, o seu primeiro na era do Mineirão.
VITÓRIA SOBRE A SELEÇÃO BRASILEIRA – Era noite de uma quarta-feira, 3 de setembro de 1969. O time canarinho, treinado por João Saldanha e disputando as eliminatórias da Copa do Mundo de 1970, foi ao Mineirão, encarar o Galo. Aos 40 minutos do primeiro tempo, o apoiador Oldair ganhou uma jogada, no meio do campo, e serviu ao meia Humberto Ramos, que passou a bola para Amauri. Este penetrou na área e pipocou o filó: Galo 1 x 0.
Aos 3 minutos do segundo tempo, o lateral-direito canarinho, Carlos Alberto Torres, lançou a bola na área, a defesa atleticana tentou deixar Pelé em impedimento, mas este cabeceou, marcou e o tento foi validado: 1 x 1. Aos 19, Dario disparou, pela esquerda, ganhou, na corrida, de Djalma Dias e de Joel, e desempatou a partida: Atlético Mineiro 2 x 1.
O Galo que devorou os “Canarinhos”, usando as camisas vermelhas da Federação Mineira de Futebol, por imposição da Confederação Brasileira de Futebol (CBD), antecessora da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), foi: Musssula; Humberto Monteiro, Grapete, Normandes e Cicuneggi (Vantuir); Oldair e Amauri; Ronaldo, Vaguinho, Dario, Laci e Tião (Caldeira). A Seleção Brasileira jogou com: Félix; Carlos Alberto Torres, Djalma Dias, Joel Camargo e Rildo (Everaldo): Piazza e Gerson (Rivellino); Jairzinho, Tostão, Pelé e Edu (Paulo César Lima).
A vitória sobre o time de João Saldanha, no entanto, não fora a primeira do Galo sobre uma seleção nacional. Em 19 de dezembro de 1968, representando o escrete nacional, com as camisas canarinhas, o Atlético Mineiro venceu a então Iugoslávia, por 3 x 2, no Mineirão, após os visitantes abrirem dois gols de frente, em poucos minutos. Naquela partida, Yustrich mandou ao garmado:: Mussula; Vander, Normandes (Djalma Dias), Grapete e Décio Teixeira; Wanderley e Amauri; Ronaldo, Vaguinho, Lola e Tião (Caldeira). Depois daquilo, o Galo ainda empatou, por 2 x 2, com a seleção da Hungria, e venceu a da hoje extinta União Soviética, por 2 x 1.
PRIMEIRO CAMPEÃO NACIONAL – Embora a CBD já apontasse dois times, desde 1959, para representar o país na Taça Libertadores da América, só a partir de 1971 a entidade passou a reconhecer um campeão nacional. E o primeiro foi o Galo.
Treinado por Telê Santana, o Atlético Mineiro chegou ao título do primeiro Brasileirão, com 11 vitórias, 10 empates e 5 derrotas, marcando 38 gols em 26 jogos. Além disso, ainda teve o principal artilheiro do campeonato, Dario, com 14 gols. O jogo do título foi contra o Botafogo, no Maracanã, em 19 de dezembro daquele 1971, com o gol da conquista marcado aos 13 minutos do segundo tempo, pelo Dadá Maravilha, complementando, de cabeça, cruzamento feito por Humberto Ramos.
O time atleticano foi campeão jogando com: Renato; Humberto Monteiro, Grapete, Vantuir e Oldair; Vanderlei e Humberto Ramos; Ronaldo, Lola (Spencer), Dario e Tião. O Botafogo foi: Wendell; Mura, Djalma Dias, Queirós e Valtencir; Carlos Roberto e Marco Antônio (Didinho); Zequinha, Nei (Tuca), Jairzinho e Careca. Armando Marques apitou a partida, com renda de Cr$ 294.420,00 (cruzeiros), a moeda da época.
DOMINADOR DE RAPOSA – Campeão estadual, em 1970 e em 76, o Galo engoliu a Raposa, entre 1978 e 1983. Faturou, ainda, dois bis, em 85/86 e em 88/89.
O período de domínio quase total sobre os cruzeirenses teve a assinatura de uma geração que produziu o goleiro João Leite, o zagueiro Luizinho, os apoiadores Toninho Cerezzo e Elzo, o meia Heleno e os atacantes Paulo Isidoro, Sérgio Araújo, Reinaldo e Éder, entre outros. Desses, o maior ídolo foi Reinaldo, que vestiu a camisa atleticana, entre 1971 e 1985. Seu talento era tão grande que os “becões assassinos” lhe mandaram passar por quatro cirurgias de joelhos e uma de tornozelo.
Nascido em Ponte Nova-MG, em 11 de janeiro de 1957, Reinaldo José de Lima chegou ao Galo, com 13 anos de idade, estreou no time principal, aos 16, e saiu após deixar 288 gols nas redes adversárias, o que ainda lhe faz de o maior “matador” da história do clube.
RECENTEMENTE - Na década-90, o Atlético Mineiro conquistou apenas três títulos estaduais – 1991, 95 e 99. Mas emplacou duas conquistas continentais, as Copas Conmebol (atual Mercosul) de 1992 e 97. Neste século, foi campeão mineiro em 2000 e em 2007, o que lhe deixa como o maior papão de títulos das Alterosas, isto é, 39, contra 34 do grande rival Cruzeiro.