quinta-feira, 19 de agosto de 2010

O CAPITÃO QUE LIBERTAVA JORNALISTAS

 JOSÉ BONETTI INTEGROU A SELEÇÃO BRASILEIRA DO TRI


O povo brasileiro estava com os ouvidos colado no rádio, no dia 29 de junho de 1958, dia da final da Copa do Mundo, na Suécia. Perto de onde fica o Hotel Nacional de Brasília, havia uma construção de madeira que alojava uma das unidades da Polícia do Exército, que dava segurança ao presidente Juscelino Kubitscheck. Pouco antes de o jogo começar, o JK pediu a José Bonetti, um dos coordenadores de sua segurança, para conseguir um rádio, pois, também, queria acompanhar a partida. Como ainda não havia palácios construídos na futura capital do país, no quartel improvisado mesmo, o presidente ouviu um tempo da decisão, vibrando com a narração do locutor Oduvaldo Cozzi.
 Naquele dia, nasceria uma relação de respeito mútuo entre JK e Bonetti, o que não seria interrompido nem nos mais duros períodos da ditadura militar (1964/1985), quando Juscelino fora chamado, pelo 1º Exército, a depor, no Rio de Janeiro. Sozinho, ao lado do advogado Sobral Pinto, JK aguardava a hora de falar aos militares. Ninguém se aproximava ou lhe dava confiança. Ele era considerado um inimigo do regime imposto pelos generais que apoiara, em um primeiro momento da Revoluçaõ de 31 de Março.
 Entre os jornalistas, a expectativa era a de que JK fosse maltratado, humilhado durante o interrogatório. Chegando ao quartel, de uma missão, Bonetti viu JK, e não teve dúvidas. Desafiou todos os olhares e recomendações e foi cumprimentá-lo. Naquele momento, colocava a sua cabeça a prêmio. Como castigo, fora incumbido de dar segurança ao governador eleito do Rio de Janeiro, Negão de Lima, que vivia o difícil período do “toma-não toma-posse”, até que o Exército se decidisse.
  Afinal, quem era aquele José Bonetti? Simplesmente, um 1º tenente. Além daquilo, só podia contar da sua amizade com o presidente da Confederação Brasileira de Desportos (CBD), João Havelange, que o colocara para coordenar 23 modalidades desportivas amadoras, por ter ligações com o vôlei e o basquete, no qual foram campeão carioca feminino, em 1964, treinando o time do Flamengo.
  Em 1969, quando já tinha cursado a Escola de Educação Física do Exército, Bonetti recebeu o convite de Antônio do Passos, diretor da CBD, para integrar a comissão técnica da Seleção Brasileira que disputaria as Eliminatórias da Copa do Mundo de 1970, no México. Para a imprensa, a comissão, repleta de militares, só teria uma missão: vigiar o técnico comunista João Saldanha. E, junto com os também capitães Cláudio Coutinho e Raul Carlesso, o antigo treinador José Bonetti entrou nessa e ficou amigo dos repórteres que cobriam o time canarinho, para a sorte de muitos deles, caso da localização e libertação do jornalista Marcos de Castro, do Jornal do Brasil.
  Marcos era muito religioso e não se envolvia em nada mais que não fosse o jornalismo. No entanto, quando a guerrilha urbana sequestrou o embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Charles Buck Elbrik, em 1969, ele, que nada tinha nada a ver com o caso, desapareceu. Sua família, apavorada, passou a pressionar o jornal para descobrir o que acontecera. Como nada se descobria, os repórteres Dácio de Almeida e Oldemário Touguinhó, lembraram-se do capitão Bonetti. "Eu já havia perdido muitos companheiros na guerrilha urbana e sabia o quanto aquilo doía na família. Como havia servido na Polícia do Exército e tinha bons contatos por lá, e também na polícia civil, orientei seu pessoal sobre os passos a seguir, pois não podia aparecer de peito aberto. Depois de muitos contatos, descobri que o Marcos de Castro estava preso no Batalhão de Carros de Combate, na Avenida Brasil (no Rio de Janeiro). Por meio de demarches realizadas pelo capitão Calomino, conseguimos tirá-lo de lá", conta Bonetti.
 A acusação que pesava contra Marcos de Castro era ter sudi: avalista no aluguel de um “aparelho” (nome que a repressão davam aos locais onde os "subversivos" conspiravam), para o futuro deputado federal Fernando Gabeira (PV-RJ). "Na verdade – prossegue Bonetti – o Marços, meramente, atendera ao pedido de um colega jornalista, para avalizá-lo, como já o fizera para dezenas de outros companheiros de profissão. O que pegou foi o fato de o Gabeira ter sido incluído na lista dos presos políticos trocados pela liberdade do embaixador norte-americano".
Bonetti evita falar muito sobre os "anos de chumbo", mas conta ter dado,também, uma “ajudinha” para o hoje membro da Academia Brasileira de Letras, Carlos Heitor Cony, na época, escrevendo na revista Manchete: "Como ele estava preso em uma unidade na qual eu servia, eu não o deixava ficar em situações que o levassem à depressão. Conversávamos muito e ficamos amigos, ao ponto de ele, depois, me oferecer todos os seus livros. Terminei seu fã, lendo-o, diariamente, depois que foi libertado".
 Bonetti revela mais um caso de ajuda sua ao pessoal da imprensa: o do desaparecimento do pai do jornalista Oldemário Touguinhó, do Jornal do Brasil, também no Rio. Disse que o encontrou em uma geladeira, do Instituto Médico Legal, após 40 dias de procura. Conseguiu esclarecer que o homem tivera um infarto, caminhando pelas ruas cariocas, e fora recolhido como indigente, por não ter nenhuma ligação com política. Hoje, José Bonetti, aposentado, vive em Brasília.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

FUTEBOL E ESTADO

UMA RELAÇÃO MUITO ANTIGA

No dia 17 de junho de 1970, dois fatos entravam para a história do Brasil, há 40 anos: a vaga da Seleção Brasileira na final da Copa do Mundo de 1970, no México, com 3 x 1, sobre o Uruguai, vingando o "Maracanazo" de 1950, e a humilhação, iposta por guerrilheiros urbanos, ao regime militar do general Garrastazu Médici, que era obrigado a trocar 40 "subversivos" presos, pela liberdade do embaixador alemão Ehrenfried Anton Theodor Ludwig Von Holleben, de 61 anos.
A dobradinha Estado-futebol, no Brasil, vem desde 1930, quando o presidente Getúlio Vargas (foto), como fazia Benito Mussolini, na Itália, viu na modalidade um bom meio de transformação de um povo e de consolidação do seu regime de matizes fascistas. Quando tentou estatizar o esporte, para transformá-lo em veículo de aspiração nacional, Getúlio, sem querer, apressou a profissionalização dos futebolistas brasileiros.
 Em 1934, o governo Getúlio Vargas emplacou Lourival Fontes, o homem forte da propaganda do regime, na chefia da delegação brasileira na Copa do Mundo, na França, após calar a imprensa, sobre as críticas ao boicote dos jogadores profissionais à Seleção. Antes em 33, Getúlio determinara que o futebol no país seria amador e o atleta um trabalhador. Assim, de 1934 a 39, se tivesse medidas para anunciar aos trabalhadores, seria em estádio de futebol, para mexer com as massas. Pra coroar seu projeto, que passava pela miscigenação social, "escalou"sua filha, Alzira, como madrinha da seleção que iria à Copa de 38. Veio um terceiro lugar e a consideração do sociólogo Gilberto Freire, de que o futebol brasileiro era uma expressão de democracia racial.
Getúlio caiu , na década 50, e a relação Estado-futebol só voltou a ser turbinada depois que João Goulart, o Jango (foto, segurando a taça), achou que o seu governo populistas tivesse apoio popular e penetração nos meios sindicais. Rolou a bola para o general Medici tirar mais proveito da situação do que Getúlio. Bom de bola como atacante do time juvenil do Bagé, na juventude, Médici era apaixonado e sabia tudo de futebol. Inclusive, tirar partido político dele, a partir da sua obsessão de desenvolver um mandato mais popular do que o “governo provisório” de 15 anos de Getúlio Vargas. Se bem que a patota dele tmbém fizera o mesmo, com os cinco atos institucionais que lhe deram poderes divinos.
Veio, então, a Copa-709 e a seleção brasileira estava totalmente militarizada, até no corte de cabelo. O chefe da delegação era o brigadeiro Jerônimo Bastos e a comissão técnica incluía os capitães Cláudio Coutinho e Raul Carlesso, além do supervisor o major José Bonetti. Sem falar que usou a Escola de Educação Física do Exército, Rio, para vários trabalhos. Médici estava no auge do seu poder, convivendo com crescimento no emprego e na expansão demográfica, mesmo com um estratorférico crscimeto da dadívida extrna, propulsionad pel corrupção militar. E aconteceu o 17 de junho. O embixdor alemão Von Holleben, sequestrado seis dias antes, por "subversivos" armados, fora trocado por “terroristas que desasgragavam o país, num momento em que ele era a pátria de chuteira em torno da Seleção". Médici telefonou a cada um dos jogadores, após os 3 x 1 sobre o Uruguai, e os militares distribuirm nota oficial à imprensa, dizendo que "o ato terrorista no Brasil fora condenado pelos jogdores da Seleção". Ganhar a Copa, era fundmental, para Médici (foto/D)consolidar o seu projeto de poupularidade total.
O Brasil toruxe a taça e o general seria imabativel, se houvesse eleição, segundo o então lider sindical Luis Inácio Lula d Silva, lembrando que havia muito emprego sobrando. Como jogador de futebol era alienado, políticamente, como a maiora da pouplação brasileira, o futebol era um bom meio para o regime encobrir as tortura e prisões do regime. Tri e bola fora.

O DUELO BRASIL X HOLANDA

UMA DISPUTA MUITO EQUILIBRADA

O contato entre brasileiros e holandeses é pequeno na bola. E tinha tudo para ser bem maior, afinal foi grande contribuição que eles deram à nossa formação como nação, ainda que tenha sido pela força de suas armas, durante uma dominação que durou de 1630 a 1654, numa parte que ia de Pernambuco ao Maranhão. Informados sobre a vulnerabilidade militar da colônia portuguesa, a Holanda, detentora de poderosa indústria naval, decidiu chegar. E chegou, deixando boas marcas, principalmente, após o conde João Maurício de Nassau trazer profissionais que impulsionaram a vida do "Brasil holandês" na economia, arquitetura, engenharia, letras e artes, durante sua administração, de 1637 e 1644.
No futebol, levou-se 309 anos, depois que os portugueses expulsaram os holandeses, para os brasileiros o desafiarem na pelota. Nos arquivos da Confederação Brasileira de Futebol consta que o primeiro duelo se deu, amistosamente, em 02.05.1963, no Estádio Olímpico de Amsterdã, e que os anfitriões fizeram 1 x 0, com Petersen marcando o gol, aos 44 minutos do segundo tempo. Só que não foi bem assim, segundo Geraldo Romualdo da Silva, um dos maiores historiadores do futebol brasileiro.
Contava o jornalista que a Seleção Brasileira, na realidade, participara de um “faz de conta que é um jogo”, contra o time da Phillips, que distribuíra aos visitantes radinhos de pilha, barbeadores e outros produtos que a empresa fabricava. Segundo ele, foram dois tempos, de 20 minutos, e, de tão irresponsáveis que estiveram os canarinhos naquele dia, aos 44 da fase final, a zaga da “Seleção Transistor” (apelido ganho depois do encontro), ficara brincando de driblar os gringos dentro da área, até perder a bola para Petersen fazer o gol.
Enfim, Brasil e Holanda se pegaram na bola por 10 vezes, em seis amistosos e quatro por Mundiais, com três vitórias nossas, três deles e quatro empates: 15 gols pra gente e 15 pra eles. Depois, da primeira "brincadeira", levamos 26 anos (20.12.1989) para vencê-los, demora que Portugal não teve, quando rechaçou a tentativa inicial de invasão holandesa à Bahia, em 1625, o que não foi grandes coisas, pois eles vieram com 1.700 homens. Mas a primeira vitória brasileira sobre a Holanda no futebol, também, não é lá grande feito. Comemorava-se os 100 anos da Federação Holandesa de Futebol e a seleção deles estava sem os craques Van Basten, Gullit e Rijkiaard. Com gol de Careca, 1 x 0, amistoso, em Roterdã. Nos outros amistosos, três 2 x 2: em 31.08.1966, em Amsterdã; em 05.05.1999, em Salvador, e em 08.10.1999, em Amsterdã.
COPAS DO MUNDO – Em 03.07.1974, no Westfalenstadion, diante de 52.500 almas, a Laranja Mecânica, de Cruijff e Neeskens, os atores dos gols embarcou no “carrossel” do técnico Rinus Michel e mandou incontestáveis 2 x 0, pelo primeiro Mundial promovido pela Alemanha – o segundo foi em 2006.
A resposta brasileira foi na Copa dos Estados Unidos-1994, com 3 x 2, em 09.07, no Estádio Cotton Bowl, em Dallas. Perante 63. 500 presentes, o time do técnico Carlos Alberto Parreira avançou às semifinais, criando o “gol embala neném”, com o qual Bebeto homenageou o nascimento do filho Mateus.
O penúltimo encontro de brasileiros com holandeses, por Mundiais, em 07.07.1997, no Velódrome, de Marselha, na França, terminou 1 x 1, no tempo normal, diante de 54 mil assistentes. A decisão foi para os pênaltis, e o goleiro Taffaarel defendeu dois, classificando o Brasil: 4 x 2, para decidir a Copa-98, com a França. O último marcou o final da segunda "Era Dunga" na Seleção Brasileira – a primeira fora na Copa-90, quando ele era jogador –, após 59 jogos, 41 vitórias, 12 empates e 5 derrotas, que resultaram nos títulos da Copa América-2007; da Copa das Confederações-2009; o pirmeiro lugar nas Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa de 2010 e a sexta colocação no Mundial da África do Sul.
No jogo deste Mundial africano, a Holanda mandou a Seleção Brasileira de volta pra casa (foto), por 2 x 1, em 2 de julho de 2010, no Estádio Nelson Mandela Bay, em Porto Elizabeth, com arbitragem do japonês Yuichi Nishimura e público de 40.186 almas. Robinho abriu o placar, aos 10 minutos do primeiro tempo. Aos 8 da etapa final, o goleiro Julio Cesar e o apoiador Felipe Melo se enrolaram numa bola, no gol de empate dos holandeses, com a pelota tocando, por último, no segundo. Depois, a FIFA atribuiu o gol a Sneijder, o autor do chute e, também, da cabeça da virada do placar, aos 22 da etapa final,quando. Felipe Melo foi expulso de campo, por chutar Robben, quando este estava caído.
Dirigida pelo treinador Bert van Marwijk, a seleção da Holanda venceu por causa de Stekelenburg; Van der Wiel, Heitinga, Ooijer e Van Bronckhorst; Van Bommel, De Jong, Sneijder e Kuyt; Van Persie (Huntelaar) e Robben. O time do técnico Dunga foi: Julio Cesar; Maicon, Lúcio, Juan e Michel Bastos (Gilberto); Gilberto SIlva, Felipe Melo, Daniel Alves e Kaká; Robinho e Luís Fabiano (Nilmar).

O DUELO BRASIL X CHILE

CHILENOS SÃO FREGUESES DE CADERNO

Iniciado em 8 de julho de 1916, pelo então Campeonato Sul-Americano, que passou a ser chamado de Copa América, desde 1987, o duelo entre brasileiros e chilenos apresenta vantagem massacrante dos canarinhos sobre “Los Rojos”: 47 vitória, em 66 jogos, contra sete do adversário e 12 empates.
Além da Copa América, quando jogaram 21 vezes, brasileiros e chilenos se encontraram, ainda, em duas ocasiões, pelos Jogos Pan-Americanos; outras duas pela Taça Amizade; em 10 edições da Taça Bernardo O´Higgins; mais 10 valendo vaga nas Eliminatórias da Copa do Mundo; em três Mundiais e, ainda, por 18 amistosos. O saldo dos confrontos registra 155 bolas nas redes chilenas, contra 55 nas "brasucas", o que dá ao time canarinho o saldo de 100 tentos. Como se lê, o Chile é um autêntico “freguês de caderno”.
 No primeiro duelo entre os dois países, em 13 de junho de 1962, no Estádio Nacional de Santiago, valeu vaga na final da Copa do Mundo que os chilenos promoviam. Até pisar no gramado, o time do treinador Aymoré Moreira viveu uma verdadeira aventura. Hospedada em em Qilpué, na pousada El Retiro, perto de Viña del Mar, a delegação brasileira entrou numa paranóia de achar que o cozinheiro chileno que os servia sabotaria o almoço, para a Seleção passar mal durante o jogo contra os anfitriões. Viajou de trem, para Santiago, com os jogadores comendo só sanduíche, enquanto o dentista Mário Trigo os enrolava, contando muitas piadas.
Veio o jogo e o Brasil não deu chance de sonhar aos chilenos. Mandou indiscutíveis 4 x 2, com dois gols de Garrincha (foto), aos 9 e aos 32 minutos do primeiro tempo, e de Vavá, aos 2 e aos 33 da etapa final – Toro, aos 42 da primeira fase, e Leonel Sanchez, cobrando pênalti, a 28 minutos do apito final, descontaram para os donos da casa. A expectativa dos chilenos por vaga na decisão era tanta que, ao meio-dia, não havia mais como achar um jeito regular de entrar no estádio. Mesmo assim, os torcedores conseguiram tornar o público em quase nove mil almas acima da capacidade da casa, de 65 mil pagantes, que proporcionaram a maior renda da Copa-62: US$ 309 mil e132 dólares.
Daquele duelo, ficou uma das mais contadas histórias do futebol brasileiro. Expulso de campo, a sete minutos do encerramento, Garrincha era problema para a final, contra a então Tchecoeslováquia. Então, os cartolas da Confederação Brasileira de Desportos agiram rápido e sumiram com o “bandeirinha” uruguaio Esteban Marino, que dedurara Mané, ao árbitro peruano Arturo Yamazaki. Como este não vira e nem anotara nada na súmula, o “pontapezinho de amizade” que Garrincha dera, com qualificara, no bumbum de Eládio Rojas, foi desconsiderado, por falta de provas, pois não se encontrou Esteban Marino para depor no julgamento do ponta-direita brasileiro, que terminou sendo, apenas, advertido.
O Brasil venceu com: Gilmar; Djalma Santos, Mauro, Zózimo e Nilton Santos; Zito e Didi; Garrincha, Vavá, Pelé e Zagallo. O Chile foi: Escuti; Eyzaguirre, Raul Sanchez e Rodrigues; Contreras e Rojas: Ramirez, Toro, Landa, Tobar e Leonel Sanchez.
GOLEADA NA COPA DA FRANÇA – A Seleção Brasileira vinha de derrota, por 2 x 1, para a Noruega, mas já estava nas oitavas de final, vencendo Escócia (2 x 1) e Marrocos (3 x 0). O jogo contra o Chile seria em 27 de junho de 1998, no Parc des Princes, em Paris, e os 48.500 pagantes estavam de olho em Ronaldo Fenômeno, o melhor jogador do mundo, que havia marcado o seu primeiro gol em Mundiais no dia 16, no Le Beaujoire, em Nantes, assisitido por 33.266 fãs do seu futebol.
Para aquele jogo, apitado pelo francês Marc Batta, o Chile levava uma dupla atacante terrível, Salas e Zamorano. Mas foi o Fenômeno quem “matou”. Sofreu um pênalti, cometido por Tapia, que ele cobrou e converteu, aos 47 minutos do primeiro tempo, voltou à rede, aos 25 do segundo, e ainda mandou duas bolas nas traves na mesma etapa. Como César Sampaio, aos 11 e aos 27, da etapa inicial, havia marcado dois, a vaga já estava carimbada ao final da fase inicial – Marcelo Salas descontou para “Los Rojos”, aos 28 da fase final.
Tendo Zagallo por treinador, o Brasil escalou: Taffarel; Cafu, Júnior Baiano, Aldair (Gonçalves) e Roberto Carlos; Dunga, César Sampaio, Rivaldo e Leonardo: Bebeto (Denílson) e Ronaldo. O Chile, do técnico Nelson Acosta, foi: Tapia; Fuentes, Margas, Reyes e Ramírez (Estay); Aros, Cornejo, Acuña (Musrri) e Sierra (Veja); Zamorano e Salas.
BALAIADAS – A maior maldade que a Seleção Brasileira já fez com a chilena foi em 17 de setembro de 1959, no Maracanã. O jogo valia pela Taça O´Higgins e os canarinhos fizeram 7 x 0. Isso, sem o contundido Garrincha e o magistral Didi, defendendo o espanhol Real Madrid. Mas Pelé estava inspirado e pipocou o barbante três vezes. Dorval, Quarentinha (2) e Dino Sani completaram o serviço.
A primeira goleada brasileira foi em 11 de maio de 1919, quando a Copa América era Sul-Americano: 6 x 0. Em 7 de setembro de 2007 houve um 6 x 1, pela mesma disputa. Em 22 de março de 1970, rolou 5 x 0, amistosos e repetidos em 4 de setembro de 2005, pelas Eliminatórias da Copa. E, em 29 de junho de 1960, os 4 x 0 de um outro amistoso.
A primeira vez que o Chile endureceu um jogo contra o Brasil foi em 17 de novembro de 1922, no 1 x 1 válido pelo então Sul-Americano. A primeira vitória saiu em 24 de janeiro de 1956, também pelo torneio continental, e, enfim, deu uma goleada, em 3 de julho de 1987, pela Copa América, já com este nome. No último duelo, em 28 de junho de 2010, no estádio Ellis Park, em Joanesburgo, pelo Mundial da África do Sul, o Brasil mandou 3 x 0, com gols de Juan, aos 34, e Luís Fabiano, aos 37 minutos do primeiro tempo, e de Robinho, aos 14 da etapa final (foto). O time foi: Julio Cesar; Maicon, Lúcio, Juan e Michel Bastos; Gilberto SIlva, Ramires, Daniel Alves e Kaká (Kleberson); Robinho (Gilberto) e Luis Fabiano (Nilmar). Os chilenos, treinados pelo técnico argentino Marcelo Bielsa, contaram com: Bravo; Isla (Millar), Contreras (Rodrigo Tello), Jara e Fuentes; Carmona, Vidal e Beausejour; Sánchez, Suazo e Mark González (Valdivia). O inglês Árbitro: Howard Webb foi o árbitro.

A SOMBRA DO REI

 AS AVENTURAS DE AMARILDO NO TIME DE PELÉ
Amarildo foi um dos heróis do do bi, no Chile, em 1962, com dois gols decisivos, na virada sobre a Espanha, na primeira fase, e igualando o placar, dois minutos depois de os tchecos tê-lo aberto, na final. O torcedor não esquecia do desempenho daquele garoto, de 23 nos que tivera a responsabilidade de substituir o contundido “Rei Pelé", e o fizera, com muita raça, sangue frio e categoria. Portanto, convocá-lo para a Copa -66 era uma obrigação da Confederação Brasileira de Desportos (CBD).
Por aquele tempo, a Seleção só chamava quem jogasse no país. Assim foi que Orlando Peçanha de Carvalho, campeão na Suécia-1958, ficara de fora do Chile-62, porque estava defendendo o argentino Boca Juniors. Segundo Amarildo, ainda no calor da conquista do bi, o supervisor canarinho, Carlos Nascimento (foto/E, ao lado de Vicnte Feola), já lhe avisara, naquele mesmo 62, que ele seria o ponta-esquerda da equipe de 1966, caso estivesse no futebol brasileiro. Porém, ele não era ponteiro, mas ponta-de-lança, o que,  representava um atacante mais móvel do que o centroavante, com a missão de comparecer às redes, de residir dentro da área.
Como Zagallo e Pepe, os dois pontas-esquerdas de 58/62, já não foram mais convocados, Edu (Santos) de 17 anos, Paraná (São Paulo) e Rinaldo (Palmeiras) brigavam pela camisa 11. Amarildo dizia, abertamente, que não era ponta-esquerda e não gostava de sê-lo. Inclusive, na última temporada italiana (65/66) atuara só uma vez na função, pois o Milan, que o tirara do Botafogo, em 1963, enfrentara várias contusões dos pontas-de-lança e o fixara pelo meio do ataque. Por sinal, aquela fora a sua pior temporada entre os “rossoneros”, com a sua estrela de goleador brilhando pouco.
Na briga para trazer Amarildo para os treinos da seleção, enquanto a CBD fazia varias tentativas junto aos milaneses, a mãe do atleta fazia promessa à Nossa Senhora de Lurdes, para vê-lo canarinho, durante a Copa do Mundo. Na Itália, torcedores do Milan e a imprensa, contra a liberação, chamavam-no de mercenário, ao que o “Possesso” respondia prometendo doar a uma instituição de caridade tudo o que recebesse da CBD. O Milan (na foto, ao lado de Pelé), porém, terminou cedendo. Segundo contou o presidente da CBD, João Havelange, durante a missa comemorativa dos seus 50 anos, embora o governo brasileiro tivesse colocado os ministérios das Relações Exteriores e da Justiça à sua disposição, fora o presidente da república, o marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, quem tomara a iniciativa de intervir diretamente no caso.
Bastante resfriado, Amarildo, que já tinha sotaque italiano, foi recebido, no Brasil, como um príncipe, visto como o “cara” para resolver a problemática questão da ponta-esquerda da Seleção. Mas estava três quilos abaixo do seu peso normal, de 65 quilos, precisando comer e repousar muito. Depois de passar por todos os exames médicos e dentários, o “Possesso” não esperava encontrar jogadores aborrecido com a sua chamada. Jurava que viera disputar a vaga em pé de igualdade com os concorrentes e dizia desconhecer o garoto Edu, além de Tostão e Nado, este uma surpresa na convocação, por ser um atleta do pernambucano Náutico, de região nunca antes lembrada pela Seleção. Repleto de “medalhas de guerra”, cicatrizes nas pernas, Amarildo trouxe – e recomendou à comissão técnica – duas chuteiras da marca “Atalasport”, uma com 11 travas, para campo duro e pesado, e uma de seis, bastante flexível. Como aviso, contou que o futebol europeu se destacava pela parte física, usava a retranca e o jogo bruto, e era perigoso nas ofensivas. A sua receita para anular o líbero era ter os pontas jogando abertos, conduzindo a bola até a linha de fundo.
Amarildo “reestreou” na Seleção Brasileira em 19 de maio, no Maracanã, atuando por 71 minutos, quando foi substituído por Paraná, no amistoso em que os canarinhos venceram os chilenos, por 1 x 0, com gol marcado por Gérson, aos 9 minutos do segundo tempo. Mesmo com “La Roja”, pouco ameaçando, naquele dia, o time de Vicente Feola jogou mal, formando com: Gilmar: Carlos Alberto Torres, Brito, Altair e Rildo; Denílson e Gérson; Garrincha, Servílio (Parada), Pelé (Silva) e Amarildo (Paraná). Um dia antes, quando uma seleção-B – Fábio; Murilo, Djalma Dias, Leônidas e Édson; Dudu (Roberto Dias) e Lima. Jairzinho, Tostão, Célio (Paulo Borges) e Ivair – vencera o País de Gales, no Mineirão, pelo mesmo 1 x 0, a comissão técnica havia cortado sete jogadores, deixando o clima bastante apreensivo na Seleção.
Depois daquilo, houve dois amistosos com o Peru e mais dois contra a Polônia, mas Amarildo só foi escalado quase um mês depois, em 12 de junho, em outro amistoso, diante da Tchecoeslováqui, quando atuou por 60 minutos, até ser substituído por Edu, na vitória brasileira, por 2 x 1, com dois gols de Pelé. Mas ele deveria ter enfrentado a Polônia, em 8 de junho, só não indo a campo devido a uma lesa no músculo adutor de uma das coxas. No entanto, em 15 de junho, nos 2 x 2 com os mesmos tchecos, no Maracanã, marcando a despedida da seleção do país, ele atuou a partida inteira, bem como em 25 de junho, em outro amistoso, contra a Escócia, 1 x 1, no Hampden Park, em Glasgow. Quatro dias antes, num amistoso contra o Atlético de Madrid, na capital espanhola, como Estádio Santiago Bernabeu lotado, havia marcado seu primeiro gol na volta à Seleção, nos 5 x 3 que tiveram, ainda, três de Pelé e outro de Lima.
Em 30 de junho, no .Estádio Nya Ullevi, em Gotemburgo, onde a seleção havia jogado em 1958 Amarildo já não pode participar dos, 3 x 2 sobre a Suécia, no último amistoso antes da estréia do Brasil Copa do Mundo de 1966. Dois dias antes, sofrera um rompimento de músculo na coxa direita, durante um treino em Atividaberg. Foi o seu fim de linha canarinho, após 22 jogos e sete gols marcados.
FAMA - O cidadão campista – nascido em Campos-RJ, em 26 de março de 19345 – Amarildo Tavares da Silveira, ficou famoso por ter substituído o “Rei Pelé”, na Copa do Mundo de 1962, no Chile, quando o “Camisa 10” saiu da disputa devido a um estiramento muscular. Amarildo jogou muito e fez os gols que o titular deveria fazer. Em seu primeiro jogo, já saiu consagrado do gramado do Estádio Sausalito, em Viña del Mar, por ter virado, para 2 x 1, o jogo em que os canarinhos pasavam vexame diante dos espanhois.
Aquela, no entanto, não fora a primeira vez em que “O Possesso” –, seu apelido, pela forma agressiva com que jogava – substituíra o “Rei”. Foa em 24 de abril do mesmo 1962, quando a Seleção Brasileira goleou os paraguaios, por 4 x 0, no Pacaembu, em São Paulo, pela Taça Osvaldo Cruz. Amarildo entrou na vaga “Dele”, aos 65 minutos (ou, aos 20 do segundo tempo), quando o “cara” já havia marcado dois gols, aos 21 e aos 35 minutos do primeiro tempo – Pepe, cobrando pênalti, aos 6 do primeiro, e Vavá, aos 6 do segundo tempo, completaram a balaiada. . O time foi: Gilmar; Djalma Santos, Bellini (cap), Jurandir e Altair; Zito (Zequinha) e Mengálvio (Benê); Garrincha, Pelé (Amarildo) Coutinho (Vavá) e Pepe (Zagallo). O técnico era Aimoré Moreira e o público de 45 mil pagantes.
Amarildo, também, fez parceria de ataque com Pelé. Substituindo Vavá e Coutinho, os dois centroavantes que foram ao Chile, ele e o “Rei” formaram dupla de área em nove de maio de 1962, no 1 x 0 sobre Portugal, amistoso, no Maracanã, diante de 130 mil, 874 pagantes, com gol de Pelé, aos 56 minutos (ou, aos 11 do segundo tempo). A equipe teve: Gilmar: Djalma Santos, Mauro, Zózimo e Altair; Zito (cap) (Zequinha) e Didi; Garrincha, Pelé, Amarildo e Pepe (Germano).
Convocado, por Aimoré Moreira, Amarildo estreou na Seleção Brasileira em 30 de abril de 1961, pela Taça Osvaldo Cruz, substituindo seu colega de ataque botafoguense Quarentinha, aos 46 minutos. O jogo foi no Estádio Puerto Sanjonia,em Assunção, e o Brasil venceu o Paraguai, por 2 x 0, com gols de Coutinho e Pepe, formando com: Gilmar; De Sordi, Bellini, Oreco (Calvet) e Nílton Santos; Zito (Amaro) e Didi; Garrincha, Coutinho, Quarentinha (Amarildo) e Pepe. Depois, “O Possesso” jogou em: 03.05.61, em Brasil 3 x 2 Paraguai, no mesmo local e pela mesma disputa; 11.05.61, em Brasil 1 x 0 Chile, no Estádio Nacional de Santiago, pela Taça O´Higgins; 24.04.62, no já citado em Brasil 4 x 0 Paraguai; em 06.05.62, nos 2 x 1 sobre Portugal, amistoso, no Pacaembu, e em 09.05.62, no 1 x 0 sobre Portugal, mencionado acima.
Depois da Copa do Mundo-62, Amarildo participou de mais oito jogos pela Seleção: em 13 de abril de 1963, no Morumbi, em São Paulo, pela Copa Roca, nos 3 x 2 sobre os argentinos; em 16 de abril (na foto, em pé,da esquerda para a  direita, Djalma Santos, Zito, Altair, Cláudio, Gilmar e Mauro; agachados, a partir da direita, Dorval, Mengálvio, Amarildo, Pelé e Pepe), no Maracanã, com 5 x 2 sobre o mesmo adversário, com 2 gols dele; em 21 de abril, na derrota, por 0 x 1 frente Portugal, no Estádio Nacional de Lisboa; em 24 de abril, na goleada sofrida ante a Bélgica, por 1 x 5, no Estádio Heysel, em Bruxelas; em 2 de maio, no 0 x 1 para a Holanda, no Estádio Olímpico, de Amsterdã; em 8 de maio, no 1 x 1, com a Inglaterra, em Wembley; em 17 de maio, no 01 x 0 sobre a República Árabe Unida, no Estádio Nasser, no Cairo/Egito, e em 19 de maio, nos 5 x 0 sobre Israel, no Ramat Gan, em Tel Aviv.
Amarildo totalizou 22 jogos e sete gols com a camisa da Seleção Brasileira. Além dos dois tentos contra a Espanha, os outros foram diante da Techecoeslováquia, na final da Copa-62, quando empatou a partida, dois minutos após os adversários terem aberto o placar; dois sobre os argentinos, em 16 de abril de 63, no Maracanã, pela Copa Roca; e em 19 de maio de 1963, nos 5 x 0 sobre Israel, em Telaviv, no Estádio Ramat Gan, e em 21 de junho de 1966, nos 5 x 3 sobre Atlético de Madrid, no Santiago Bernabeu, na capital espanhola.
Nos seus jogos mais gloriosos, contra a Espanha, em seis de junho, e diante da Tchecoeslováquia, em 17 de junho, ambos de 1962, a seleção Brasileira teve formação única: Gilmar:Djalma Santos, Mauro, Zózimo e Nilton Santos: Zito e Didi; Garrincha, Vavá, Amarildo e Zagallo. Seu feito, no primeiro jogo, em Sausalito, foi visto por 18.715 pagantes, e no segundo, no Estádio Nacional de Santiago, por 68 mil e 69 pagantes.
Nem tudo, porém, foi glórias na carreira de Amarildo. No início de sua carreira, em 1958, no Flamengo, foi dispensado, após seis jogos e um gol. Mas em 1959 foi contratado pelo Botafogo, que defendeu até 1963 (foto, em pé, da esquerda para a direita, Paulistinha, Manga, Jadir, Nílton Santos, Aírton e Rildo; agachados, na mesma ordem, Garincha, Edson, Quaentinha, Amarildo e Zagallo), jogando 231 vezes e marcando 136 gols.
 Depois do gande Botafogo de Garrincha (foto, ao lado do Mané), Amarildo jogou pelo italiano Milan, de 1963 a 67, quando foi para a Fiorentina, e ficou, até 1971. D 71 a 72 esteve na Roma e, em 1973, voltou ao Brasil e defendeu o Vasco, pelo qul atuou até 1974. Em São Januário, seu time-base, treinado por Mário Travaglini, era: Andrada; Fidélis, Marcelo, Miguel e Alfinete; Alcir e Zanata; Jorginho Carvoeiro, Amarildo, Roberto Dinamite e Luís Carlos Lemos.
O último jogo de Amarildo pela Seleção, trinada pelo técnico Vicente Feola, foi em 25 de junho de 1966, no amistoso, contra a Escócia, 1 x 1, no Hampden Park, em Glasgow. O time foi: Gilmar: Fidélis, Bellini (cap), Orlando e Paulo Henrique; Zito (Lima) e Gérson; Jairzinho, Servílio (Silvaz), Pelé e Amarildo. Foram 25 jogos (/), vencendo 17, empatando três e perdendo cinco. Ao todo, balançou as redes nove vezes em 22 encontros contra seleções nacionais - 15 vitórias, 3 empates, 4 derrotas e 7 gols – e mais 3 jogos contra clubes ou combinados - 2 vitórias, 1 derrota e 2 gols. Seus títulos pela Seleção foram: Taças Oswaldo Cruz de 1961 e 1962; Taça Bernardo O'Higgins de 1961 e Copa do Mundo-1962.

O DURO DUNGA E O CORDIAL FEOLA

                           DIFERENÇAS ENTRE DOIS TREINADORES DE SELEÇÃO
Tudo o que aconteceu após a Copa-2010 – torcedores execrando treinador e atletas, devido a eliminação precoce da Seleção Brasileira (pela holandesa) – já houve. Exemplo. Depois do Mundial-1966, para revolta de sua mulher, Dona Joanina, a casa do técnico Vicente Feola, em São Paulo, precisou de proteção policial.  Afinal, treinadores de todo o mundo colocavam o Brasil entre os favoritos ao título, sem falar que astrólogos previam até uma conquista tranquila do tri, casos de Alberto Hussein e do Professsor Pradhi.
 Feola, ao contrário de Dunga, que mostrou-se muito agressivo com os jornalistas, conquistando a antipatia geral da rapaziada, era um sujeito cordial, sereno, razão pela qual o presidente da Confederação Brasileira de Desportos (CBD), João Havelange, o considerava o sujeito talhado para o cargo. Sabia fazer do seu jeito paternal um meio de ser respeitado pelos atletas, dentro e for de campo, dirigindo-se a eles com tranqüilidade, até nos momentos em que deveria ser enérgico. “É um homem com a cabeça fria para resolver os mais sérios problemas”, dizia Havelange, que admirava muito a classe do treinador em lidar com os repórteres, jamais se desgastando, ainda que considerasse algumas críticas injustas, ou mesmo convivesse com invenções, como a que ele dormia enquanto a seleção jogava.
 Ao contrário do autoritário Dunga, que recebeu de Ricardo Teixeira, presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF, sucessora da CBD), todo o poder para agir, Feola era democrático. “Quando o escrete está engasgado com o sistema defensivo do adversário, ele gosta de ouvir os jogadores, para tomar uma decisão acertada”, declarou Havelange à Revista.do Esporte, de 25.06.1966,  nº 381.
 Dunga caiu de pára-quedas como treinador da Seleção Brasileira. Conta-se que, durante um jantar na casa do assessor de imprensa da CBF, Rodrigo Paiva, a namorada dele, a atriz Maitê Proença, sugeriu a Teixeira o nome do capitão do tetra, que jamais trabalhara no ofício. A outra versão é a de que o líder durão de 1994 seria o cara capaz de acabar com as festividades ocorridas durante a Copa-2006, quando as estrelas não teriam levado nada a sério, só pensando individualmente. Feola, diferente de Dunga, tinha currículo. Fora o auxiliar técnico de Flávio Costa, na Copa do Mundo-1950, e era um estudioso do futebol.
  Diz-se que Dunga escolheu Jorginho como seu auxiliar técnico porque o colega do tetra jamais o incomodaria. Já Feola fazia questão do diálogo. Chegava para o Paulo Machado de Carvalho, o chefe da delegação em 1958/62, e dizia: “Vou colocar o Pelé no time”. Quem era Pelé? Então, "um ilustre desconhecido" pelo mundo. Se bem que, faça-se justiça, quem primeiro o convocou para a Seleção fora Sílvio Pirillo, assistindo aos jogos do Combinado Vasco-Santos, em 1957, no Maracanã.
 Diferente da veia explosiva de Dunga, que levou o time a ter expulsões de campo, a receber cartões de advertência desnecessários e a se descontrolar quando precisava reagir, o compreensivo e pacato de Vicente Feola teve papel fundamental na conquista do título da Copa-58. Ele não se constrangia de ouvir, ns vésperas de jogos difíceis, as opiniões de líderes como Nilton Santos, Didi, Bellini e Gilmar, grandes responsáveis pelas pressões que culminaram com as entradas de Garrincha e de Pelé no time titular, diante da temível então União Soviética. Ele foi o responsável por mandar Pelé ao jogo. Assumiu toda a responsabilidade.
Feola jamais estufava o peito, depois das vitórias, para vangloriar-se. Preferindo dividir os méritos com o coletivo, por que era homem de equipe, ao contrário de Dunga, que se declarara o “resgatador da imagem da seleção brasileira”.



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